quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UNIFORMES ESCOLARES PASSAM POR MOMENTO DE CRISE

Matéria do Valor Econômico de 18/02/2010
"Estamos visitando colégios e tecelagens para captar as demandas", diz Roberto Yokomizo, diretor da YKZ Confecções Ltda. e Abravest - Associação Brasileira do Vestuário
Os uniformes escolares brasileiros passam por um momento de crise: para ser práticos e aguentarem várias lavagens, eles são feitos de malhas grossas e muitas vezes desconfortáveis. Um tecido mais leve e fresco, porém, faria a roupa acabar antes do ano letivo. Outra questão difícil de resolver: o design e a cor das peças são anacrônicas em relação à moda. Por outro lado, se forem baseados nas formas e nas cores da estão, terão de ser trocados a cada seis meses - o que oneraria o orçamento doméstico e iria contra a legislação brasileira. Para tentar resolver essas e outras questões relativas à produção de matéria-prima e confecção dos uniformes foi criado o Projeto de Modernização do Vestuário Escolar (Promovesc). Ele nasceu da união entre empresas do ramo têxtil , fornecedores de tecidos e fabricantes de roupas com o Grupo do Uniforme Escolar da Associação Brasileira do Vestuário - Abravest.
A primeira medida do Promovesc foi desenvolver uma padronização de qualidade. Para isso, o grupo criou a Norma Técnica do Uniforme Escolar - Requisitos de Desempenho e segurança, que acaba de ser homologada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. O Documento vai funcionar como parâmetro de qualidade e desempenho para a orientação dos colégios no momento da escolha de fornecedores. "As peças não devem oferecer riscos aos usuários. Um botão que pode ser facilmente arrancado em um uniforme infantil, por exemplo, pode provocar um sério acidente", diz Roberto Yokomizo diretor da fabricante de uniformes e roupas infantis YKZ e coordenador do Departamento de Vestuário Infantil da Abravest. "O fabricante que se enquadrar nessa norma já terá um diferencial competitivo".
Além da norma técnica, o Promovesc está efetuando estudos para atualizar os uniformes com a tecnologia têxtil, que não para de evoluir. " Estamos visitando colégios e showrooms de tecelagens para captar as demandas e encontrar soluções que possam ser adaptadas ao uniforme escolar", afirma Yokomizo. O grupo quer sensibilizar inclusive tecelagens que ainda não trabalham nesse setor. " Estamos falando de 50 milhões de alunos somente na rede pública. Poucas empresas perceberam esse potencial e por isso estamos chamando a atenção dos executivos para que invistam em criações específicas para esse setor. "Outra vantagem dele, diz o executivo, é que a demanda é anual e não a cada troca de coleção, como ocorre com os podutos de moda.
Segundo Yokomizo, para estarem adequadas à legislação, as escolas precisam garantir que os uniformes não sejam alterados por, no mínimo, cinco anos. Mas isso, diz o executivo, acaba fazendo a indústria produzir peças atemporais e que não atendem aos desejos dos consumidores. "Prova disso é a soberania da helanca, uma malha praticamente indestrutível e barata, que reina há 20 anos entre os uniformes. " A helanca (marca registrada da Heberlein Corporation, de New York), além de popular, tem a vantagem de aguentar várias lavagens sem desbotar ou encolher. Além disso, por conta do processo de produção, com fios texturizados, garante boa elasticidade. A desvantagem é que, por ser muito grossa e sintética, a helanca esquenta no verão e é fria no inverno. Entre as atribuições do Promovesc está o teste de novos materiais - como o náilon - para substituir a helanca. "Estamos envolvendo os fabricantes para desenvolver algo inspirado nos uniformes dos atletas, que tenha um bom acabamento e permita a troca térmica", diz Yokomizo.
Outra realização do Promovesc foi a elaboração de uma cartela de cerca de 30 cores. Essa padronização vai garantir, por exemplo, que o verde-bandeira da empresa X seja igual da empresa Y. Além disso, essa cartela será fixa - o que garante a continuidade da produção por vários anos.
Entre as empresas que compõem o Promovesc está a Neotextil, fundada em 2003 em Americana (SP) e especializada na produção de tecidos esportivos. A empresa que em entre seus clientes Nike, New Balance, Timberland e Reebok - produz 1,2 milhão de metros de tecido por mês. "Estamos aprimorando nossos produtos para poder oferecer maior qualidade. Nos dois últimos anos, investimos US$2,5 milhões em maquinário", diz Carlos Vicentini, gerente comercial da Neotextil, que tem em seu portfólio mais de 220 tipos de tecidos e exporta para 12 países. Ente os artigos que a empresa fornece para os uniformes escolares está o "Neo Strike", um tecido 100% poliéster com elasticidade mecânica. "Ele não leva fio de elastano, porém é elástico, tem um custo muito bom e também serve para o inverno", afirma Vicentini. A empresa também trabalha com uma nova geração de fios, feitos de garrafa PET reciclada. "Para uma bermuda infantil, precisamos de 16 garrafas. "A Neotextil registrou um crescimento de 25%, em 2009, enquanto somente a linha escolar expandiu 50%.

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